Tens poesia na metade direita do coracão e amor na metade esquerda. Tenho-te a ti a circular nas duas metades de mim. Porque a poesia e o amor estão atrás da minha orelha. R*

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Vermelho não é encarnado


Silêncio. Estou sozinha. Respiração profunda. Não te vou dizer que estou sozinha. E lá vem o silêncio. A última vez sozinha tive os teus passos. Não te vou dizer que estou muito sozinha. Tu estás sozinho. Rídiculo. Sou vermelha. Prendi as palavras. Soltei o medo. Breve silêncio. O teu nome. Sempre o teu nome. Devia proíbir pronunciar. Mas quero o teu nome. Não queria. Mas quero. Ou um novo. Se não te tiver. Quero sentir um nome vermelho. Imploro por um novo vermelho que me faça esquecer o teu. Quero um beijo vermelho vivo. Silêncio. Quero esquecer o teu beijo encarnado.

Mas bem sabemos... que o vermelho nunca será encarnado.

PS: Amo-te com a cor encarnada.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Simple things


Estou a lembrar do dia em que te conheci. Tão banal, igual a muitos outros, nada estranho, nada de chuva, nada de suores, nada de não... apenas os nervos e a curiosidade. Vulgar, tão vulgar como o ouro ser dourado mas eu preferir o branco. E fui para casa com um amigo no bolso. Um bolso banal, roto até, as moedas saiam-lhe mais depressa que entravam. Assim tão rota como eu estava. Mas ao deitar lá estavas tu. Constantemente tu. E acordava contigo, tomava um pequeno almoço recheado com direito a bolo, deitava-me novamente, arrumava-me bonita. O resto do dia? Sempre tu.
Adormeci nessa mesma noite cheia de nada e a transpirar de tudo. Os dias seguintes foram piores que o puto terrível que me dava caneladas até ficar roxa. E quando olhei no reflexo da janela, vi uma apaixonada. Tudo o que eu mais queria, mesmo sem querer. E é esse dia que eu marco a negro, com o lápis preferido que delinia todos os dias os meus olhos que choram preto por tu não me amares.
As minhas saudades apertam com fecho eclair, ora fecham ora abrem. Hoje o fecho simplesmente estragou-se, porque simplesmente eu ainda te amo.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

P.S.: em branco.

15.

Parabéns coração.
Continuas a tirar-me o sorriso. Parabéns por isso também.

Um dia... sim, um dia serei feliz, mas agora morri por dentro.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Beijo á esquimó



- Espera! Beijinho á chinês.
Breve roçar de narizes, de dois corpos quentes arrefecidos pela incerteza do momento.
- Isso não é beijinho á chinês! É à esquimó!

O meu corpo era teu. O que alimenta o meu sorriso patético era teu. O bater do peito era teu. O escorrer das lágrimas teu é.
O teu corpo não é meu. O que alimenta o teu sorriso patético não sou eu. O bater do peito não é meu. O escorrer das lágrimas nunca foi meu.
Mas o beijo á esquimó, será sempre o teu.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Saudades ao cubo


Como conseguimos contar até onze se só temos dez dedos nas mãos? Certamente por voltamos ao ínicio da contagem. Nunca fui boa com números, sou mais de letras misturadas na arte. Mas sei que os números voltam a ser repetidos, podem ser multiplicados, divididos, somados... e a minha cabeça já vai tonta de pensar em equações, aquelas que me deixavam dormir a noite toda por não saber nada delas. Mas até os números fogem uns dos outros e mais cedo ou mais tarde perdoam-se e encontram o par correspondente.
E é incrível que tudo o que começa se una num unico caminho dirigo a ti. Há sempre momentos que guardamos a sete chaves para nós, como se fosse um segredo que mais ninguém pudesse descobrir, só tu e eu podemos beijá-los no mais secreto esconderijo, e hoje, no mais secreto adeus. Ando nisto há demasiado tempo. Afinal é possível fazer mal a nós mesmo sem usar cordas ou facas, muito mais sem fazer o mínimo barulho. Já não existe melodia na tua voz e eu suporto ruído até ao dia em que queira ouvir música na minha vida.
Eu tive a coragem de lutar como ninja por ti e lutar nem sempre é fácil. Mas eu continuei. Tenho agora as mãos em ferida de cor vermelha viva enlaçadas por pontos rebeldes que gostam de abrir feridas. É tempo de as fechar. É tempo de dizer adeus em voz alta, prenunciada sempre em português. Hoje o dia dói.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Um pacto de lábios


Lembro-me da primeira vez que falas.te. Uma voz tão perfeita, uma gargalhada tão doce como estares aqui, uma brincadeira desde a uma, duas, três... a noite era só nossa. O teu jeito bom de sussurar palavras que se encontravam unidas pela distância de duas vozes sozinhas pelo tempo. Tu sempre estives-te ao meu lado nas noites frias pela neve, só tu e eu, aquecendo lágrimas e solidão.
Quando dei por mim, sentia  estranho sensação de não querer ninguém, feminino, ao teu lado. Queria que estivesses só para mim, e para mim nascesses outra vez, ou melhor, renascesses das cinzas da antiga dor que ela te marcou. Eu juro que não tinha planeado, eu juro que não queria, mas mentiria se jurasse que agora também não queria, quando tremo com borboletas no estomago ao olhar para ti. Realmente há vida dentro de ti, e as minhas borboletas querem voar contra tempos de mudança, contigo.
Disses.te que não! E o teu não está garantido. E sei que não me amas, mas sei que me queres. Queres-me ao teu lado como eu te quero a ti, queres carinho meu quando não estamos aqui, queres... o que eu quero mas doseado em escala pequena. E eu quero sonhar alto, sim, quero sonhar como há um ano atrás, em que o gelo derreteu com um bafo de uma só palavra. Eu amo-te. Nunca pensei em te pedir desculpa. Mas peço agora e com a voz controlada: Desculpa o dia em que te amei! Já tentei pedir desculpa a mim mesma pela forma como me tenho tratado. Mas vou continuar a pensar que borboletas fazem casulos e nascem mais vistosas, fortes e diferentes.
Ontem errei. E sinto-me tão frágil. Eu disse que não, e que sabia que não podia esperar nada de ti, mas é mentira, é a minha maior mentira. Eu fui. Eu saí com um sorriso nos lábios. O coração grande a receber calafrios ao som do cravar dos saltos altos na calçada. Ali estavas tu. O meu e só meu casulo de borboletas que tentavam escapar para a tua boca. Entrei, com pés de lã, esforçando-me para fazer o mínimo de barulho. Nada podia falhar. Nada. Mas logo ali eu soube, o trocar de dois beijos na face seria o ínicio da minha dor. Entrei em desepero por dentro, só queria ir ao espaço e vir, numa ida de oito minutos e meio. Afinal por ti não ia ao espaço, o tempo é frágil e curto, a minha vida por ti é bem maior. Beijaste-me. Beijaste-me outra vez. E outra e outra e outra. Não queria pensar, eu ali, não podia pensar. E agora sei que o meu maior erro foi não pensar. Porque um dia, dois dias e um ano, eu ainda te amo.

Ele despediu-se com um beijo na testa, dizendo:
- Avisa-me quando chegares.
Ela virou-se para não chorar de frente e desde então, sofre devagarinho com medo de falar, porque há sempre um " não te quero ver sofrer". Sentou-se, colocou a mudança e o carro foi a baixo. As pernas tremiam de medo. E o resto do caminho foi embalado pelas lembraças.
Ela ama, ele gosta de atração. Ela diz sempre, ele diz não.
Uma e vinte e três nos teus braços.